quinta-feira, 16 de julho de 2009

Veja, menina.

Veja só, menina
seu castelo desmoronou
aprenda que tudo que começa, termina
e nem sempre a gente sabe porque acabou
Entenda que nessa vida
pensar no futuro é bobagem
quem chega já vai de partida
e todo mundo está de passagem
aceite, menina, que as vezes é preciso chorar pra poder sorrir
que nesse caminho difícil de andar
a gente pode tudo, menos desistir
E no seu castelo que desmoronou
tenha calma, coloque ele de pé
porque pra cada sonho que acabou
surgi outro guiado pela fé.

terça-feira, 5 de maio de 2009



... Eu não possuo medo. O medo é que me possui.


A madrugada transcorria calmamente e talvez isso a deixasse insuportável. Ele tentava me ninar, me embalava na sua força e sua face carrancuda deixava-me acordada, desesperada. Meu corpo pedia descanso, mas minha alma lutava para fugir e se esconder. Onde estaria os raios de sol fulminantes que romperiam aquela tortura e me libertariam para a vida? Estivessem onde estivessem esperar por qualquer forma de salvação seria dormir naqueles braços frios e me entregar a ele.

Os segundos levavam horas para passar e tudo parecia ficar exatamente como estava. Eu imóvel na cama, o tempo imóvel em mim. O medo já não pedia para entrar, sabia que venceria minha resistência e que faria de mim sua escrava, não só pelas noites, mas pelos dias. A luta era incessante, o suor escorria de meu rosto e a dor começava a mostrar-se presente, avisando-me que a luta estava prestes a acabar e eu, como perdedora, deveria render-me ao vencedor. Em um tempo incalculável, um estampido rompe o silêncio do meu quarto e anuncia as lágrimas que gritavam a derrota. O medo venceu.

Agora o possuidor de mim, forte e soberbo, invencível e dominante, ensinava-me como viver em sua presença. Eu o obedecia, sentia receio nas mínimas coisas que fazia e meu temor não era mais a morte, era a vida. Viver era medonho, as incertezas cresciam ferozmente, eu andava sobre uma corda bamba, pendendo entre as duas possibilidades da vida: confiar em todos, não confiar em ninguém. E não caia, o medo mantinha-me equilibrada naquele fio doloroso, deixando a dúvida de ser em eterna preponderância.

Outra noite chegou. Sorrateira e silenciosa, minha alma escondida no canto do meu quarto preparava-se para lutar e voltar a mim. Outra luta ferrenha e laboriosa se aproximava e o medo não parecia transigir a minha posse. Mas ele era instável e assim como chegou, podia partir. Desistir pra quê?

sábado, 18 de abril de 2009

Loucura de amar

E agora não haverá mais duas melodias
você dançará a minha música que é sua
unidos, entrelaçando nossas almas nuas
no descer das noites, no raiar dos dias

Agora não haverá mais duas estradas
eu andarei na sua trilha que é minha
viveremos nossas histórias fadadas
criadas para nunca serem sozinhas

Agora não haverá mais duas vidas
nos esqueceremos um no corpo do outro
sofrendo chamas de paixões enternecidas
gozando de espasmos loucos.

E quando no meu corpo você se perder
quando em seu corpo eu me encontrar
sentiremos a unidade de ser [apenas um]
sem por momento algum temer a loucura de amar.

sábado, 4 de abril de 2009

Bastava-me.

Bastava-me apenas
um coração igual ao meu
que amasse sedento de mais amor
que queimasse desejando mais calor
que sonhasse querendo mais querer
que vivesse na espera de você

Você que tem o coração igual ao meu.

Bastava-me apenas
um carinho assim sem fim
de consumir as energias do meu corpo
de deixar o meu mundo absorto
de fazer-me esquecer o mundo insano
de tirar meu grande engano

Engano de não ter carinho sem fim.

Bastava-me apenas
uma entrega sem demora
sem aviso, sem término, sem hora
sem ir, pra poder ficar
mas se for, na mesma hora voltar

Voltar pra se entregar a mim.

Bastava-me apenas
um desejo sem limites
que rompesse os céus com abraços apertados
que fizesse juras de amor eternizado
que nos deixasse completamente atados

Atados no desejo infindável.

Bastava-me apenas
um beijo em minha face
um segundo de eternidade pra curar minha vontade
de ter um amor igual ao meu
amor que pungi minh’alma na ânsia de ser seu.

Bastava-me apenas,
apenas você.